sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Tempo de colher o que foi semeado ou Sala de Apoio Pedagógico, uma experiência.





Li essa semana na Folha de São Paulo algum colunista supor que os professores precisam de Capacitação e de Formação adequadas para exercerem seu ofício pedagógico.
Acredito que isso não é totalmente verdade. Tenho uma formação básica e uma aprofundada para trabalhar com crianças com extremas dificuldades de Aprendizagem, e senti muitas barreiras para exercer o meu ofício.
Foi um ano muito difícil, pois além das dificuldades de aprendizagens somaram-se outras, de cunho sócio econômico e familiar.
Exige-se muito do professor e da professora ,imaginando sempre que as coisas não caminham  bem porque sua formação é insuficiente.
Ainda lutamos contra  um quadro de total desvalor aos nossos esforços e por mais que nos empenhemos em prol de uma educação de verdade, o resultado no final do ano não é como se esperava.
Aprendi que ensinar um aluno a produzir um texto, estruturar frases é bem mais difícil do que alfabetizar , ensinar o domínio da lecto-escrita.
Quem produz uma frase de campo semântico, com erros de ortografia, está bem aquém de produzir um texto com coesão e coerência, legível.
E o Programa de alfabetização na idade certa nos dá uma dimensão diferenciada do que é alfabetizar letrando, mas o trabalho difícil fica mesmo a ser exercido na sala de aula.
Decepcionei-me muito.
Por questões políticas e pessoais, sai do Ciclo de Alfabetização. Como minha sala de apoio pedagógico avançou bastante e o meu primeiro aninho ficou com um nível semelhante aos de outras escolas, suponho que isso ocorreu porque eu faço perguntas demais, ou como disse uma professora colega minha: incomodo muito o sistema com minhas questões sobre a eficácia da metodologia construtivista para a aprendizagem das camadas populares.
Defendo a metodologia mista, o fônico e a silabação nas classes de alfabetização. Mas eu tenho coragem de dizer, que, por exemplo, no final do ano, lá para Agosto, a Coleção Adoletra foi oferecida (pela Coordenadora)  a professores que não estavam acelerando a alfabetização de suas crianças pelo método do Ler e escrever, Índios do Brasil e Brincadeiras Tradicionais.
Um jogo político e perverso, pior do que mil mensalões, é essa manipulação na Educação.O currículo comum obrigatório. Observo também que estamos melhores com esse Currículo do que no tempo que o aluno transferido chegava na outra escola e não conseguia se adaptar a uma aula estranha e diferente, totalmente descontextualizada de sua vivência anterior.
Mas impedir o professor de exercer seu ofício com autonomia, amarrando-o a um currículo imposto, engessado com alunos dispersos e desinteressados, é no mínimo, insuficiente.
O Projeto Ler e escrever é bem estruturado, mas algumass crianças das camadas populares conseguem aprender melhor com metodologias simples.
De posse do domínio mínimo da linguagem, ela avança com mais segurança;
Ensinar a produzir leitores e escritores, essa é a meta do professor do 1º ao 5º ano.
Engana-se o governo. Nem todos vão conseguir esse patamar, pelas mesmas razões do que aconteceu com Albert Einsten, considerado um aluno medíocre, no futuro, um importante cientista.
Existem pessoas que não se interessam pelo aprofundamento da sua cultura letrada e escrita, se adaptam ao serviço técnico, ganham muito dinheiro, concluem o Ensino Fundamental e médio e continuam a sobreviver.
Trabalhar na Sala de apoio pedagógico foi uma experiência interessante, mas enganam-se as supervisoras e as coordenadoras ao considerarem que os alunos da sala de apoio pedagógico vão aprender como os alunos das salas regulares. Esse pensamento é injusto para o professor e para os alunos;
Sei que estou de férias. Mas é tempo de reflexão, de me auto-avaliar, de pensar no que não deu muito certo e os porquês, e daquilo que deu certo para aperfeiçoar.
Outras experiências virão e novas aprendizagens também.








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