domingo, 24 de novembro de 2013


Pressão para alfabetizar Nós, educadores que alfabetizamos temos sentido ultimamente mais pressão para alfabetizar as crianças que nos são confiadas. A ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização) é um instrumento de avaliação do INEP que pretende diagnosticar o nível das crianças no 3º Ano do Ensino Fundamental e nos causou surpresa, pois não foi divulgado como o SARESP; A diferença da ANA para o SARESP é que o aplicador não lê a prova, o aluno precisa ler e interpretar todas as questões. Chega a ser um instrumento injusto de avaliação para a Sala de Apoio, porque a criança dessa sala foi recentemente alfabetizada ou ainda está no nível Silábico alfabético. Ler e interpretar todas as questões é um desafio muito grande, pois as crianças estão acostumadas com a Prova Brasil, onde o aplicador lê quase toda a Prova e dá instruções claras, além do que os alunos assinalam alternativas. Na contramão da Educação também está o colunista Claudio Correa de Castro com o seu artigo elitista da penúltima Veja. Entre outras coisas, o autor cita que as caboclinhas do Nordeste deveriam se casar com os engenheiros estrangeiros que estão trabalhando nessa região e ter filhos com os mesmos. É estarrecedor concluir que a visão e a concepção de (mulher) homem sujeito social ainda se prende ao viés do feminino como elo reprodutor para apurar e refinar a raça. Lembra uma música do Cleiton e Cleidir que diz assim: “Não caso mesmo com essa guria só quero mesmo pra tirar cria”. O autor afirma ainda que as inúmeras propostas ofertadas a composição ao novo PNE não são úteis e que elas deveriam vir das mentes privilegiadas, provavelmente os filhos da elite burguesa. As caboclinhas de Pernambuco e de todo o Brasil só servem para “tirar cria” e melhorar o quesito sócio econômico do Brasil é o que se lê nas entrelinhas. Para a nossa realidade imediata, engessa-se o currículo, onde devemos seguir a (cartilha) livro do Projeto Ler e Escrever, alfabetizando e letrando no 3º Ano com MPB, Astronomia e outros assuntos descontextualizados de uma população marginalizada e carente que não foi alfabetizada corretamente e que não conseguem interpretar os textos difíceis do livro sem ter tido antes uma metodologia que possibilite a elas e a eles completarem seu ciclo de Alfabetização. Deveríamos ter autonomia para alfabetizar usando métodos tradicionais pois são simples e depois que se plantasse a semente da compreensão da língua, letrar com todos os instrumentos indicados por um Currículo sócio interacionista de base construtivista. O currículo do Ensino Fundamental deve ser misto e aos professores alfabetizadores deve ser dada a liberdade de alfabetizar com instrumentos que são acessíveis para as crianças, mesmo que seja a silabação e o fônico. Abaixo, a Carta Aberta ao Senado Federal em Repúdio à Declaração Preconceituosa do Sr. Claudio de Moura Castro rasil, 28 de outubro de 2013. As entidades e os movimentos da sociedade civil que participam dos debates para a construção do novo Plano Nacional de Educação (PNE), desde a I Conae (Conferência Nacional de Educação, 2010), manifestam seu repúdio e exigem retratação pública à "proposição" desrespeitosa apresentada pelo Sr. Claudio de Moura Castro, em audiência pública realizada no dia 22 de outubro de 2013, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal. Na ocasião, buscando reforçar seu argumento de que o PNE é inconsistente devido à participação da sociedade civil, o referido expositor sugeriu, em tom de deboche, que sua proposta ao plano seria oferecer "um bônus para as 'caboclinhas' de Pernambuco e do Ceará se casarem com os engenheiros estrangeiros, porque aí eles ficam e aumenta o capital humano no Brasil, aumenta a nossa oferta de engenheiros" (sic). Preconceituosa, a "proposição" é inadmissivelmente machista e discriminatória. Constitui-se em uma ofensa às mulheres e à educação brasileira, inclusive sugerindo a subjugação das mesmas por estrangeiros. Além disso, manifesta um preconceito regional e racial inaceitável, especialmente em uma sociedade democrática. Entendemos que a diversidade de opiniões não pode significar, de forma alguma, o desrespeito a qualquer pessoa ou grupo social. Compreendemos, ainda, que tal manifestação representa um desrespeito ao próprio Senado Federal, como Casa Legislativa que deve ser dedicada ao profícuo debate democrático, pautado pela ética e pelo compromisso político, orientado pelos princípios da Constituição Federal de 1988 e de convenções internacionais de Direitos Humanos. A elaboração do PNE, demandado pelo Art. 214 da Carta Magna, não deve ceder à galhofa, muito menos quando preconceituosa. Por esta razão, os signatários desta Carta esperam contar com o compromisso dos parlamentares e das parlamentares em contestar esse tipo de manifestação ofensiva aos brasileiros e às brasileiras. Nesse sentido, esperamos as devidas escusas do Sr. Claudio de Moura Castro, que com seus comentários discriminatórios desrespeitou profundamente nossa democracia e a sociedade. Movimentos e entidades signatárias (por ordem alfabética): ABdC (Associação Brasileira de Currículo) Ação Educativa - Assessoria, Pesquisa e Informação ActionAid Brasil Aliança pela Infância Anfope (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação) Anpae/DF (Associação Nacional de Política e Administração da Educação – Distrito Federal) Anped (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação) Assopaes (Associação de Pais de Alunos do Espírito Santo) Auçuba Comunicação Educação Campanha Nacional pelo Direito à Educação CCLF-PE (Centro de Cultura Luiz Freire – Pernambuco) Cedeca-CE (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará) Cedes (Centro de Estudos Educação e Sociedade) Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária) CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino) Escola de Gente - Comunicação e Inclusão Fineduca (Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação) Flacso Brasil (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) Fojupe (Fórum das Juventudes de Pernambuco) FOMEJA (Fórum Mineiro de Educação de Jovens e Adultos) Fóruns de Educação de Jovens e Adultos do Brasil Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente Geledés - Instituto da Mulher Negra Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) Instituto Avisa Lá IPF (Instituto Paulo Freire) Mieib (Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil) Mova Brasil (Movimentos de Alfabetização de Jovens e Adultos do Brasil) Movimento Mulheres em Luta do Ceará MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Omep/Brasil/RS – Novo Hamburgo (Organização Mundial Para Educação Pré-Escolar) RedEstrado (Rede Latino-americana de Estudos Sobre Trabalho Docente) Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação). Unipop (Instituto Universidade Popular)